A norte-americana Susan Maushart é boa ou má,
heroína ou vilã? Essa mãe solteira que vive com seus três filhos
adolescentes na Austrália resolveu adotar um método de educação bastante
radical para os dias de hoje, o que obviamente acendeu um debate interessante
mundo afora. Susan impôs aos filhos que todos passariam seis meses
praticamente desconectados do mundo: sem televisão, computadores, celulares,
videogames e ipods.
O resultado, surpreendente, virou o livro “The Winter of
Our Disconnect”, traduzido no português para “O Inverno de Nossa Desconexão”
(editora Paz e Terra; R$ 40). A experiência radical foi louvada por outras
famílias, de psicólogos e pedagogos, mas, como se era de esperar, arrepia até o
último fio de cabelo de qualquer adolescente acostumado a estar sempre
conectado à internet.
Em sua defesa, a autora-carrasca-mãe-educadora relata que
os filhos, antes adolescentes entediados, passaram a ter mais diálogos em casa
e apresentaram melhoras no desempenho escolar. A filha mais velha, que já tinha
o hábito da leitura, conseguiu se adaptar mais facilmente aos seis meses
“offline”. O filho do meio trocou o videogame pelo saxofone e descobriu um
talento musical adormecido. E dificuldade maior teve a filha mais nova, que não
queria se separar do notebook e de suas vidas nas redes sociais.
Não que eu queira sugerir o mesmo “tratamento de choque”
para os pais que estão lendo este texto (ok, eu realmente gostei da ideia da
mãe norte-americana), mas vale um aviso: a conta de telefone da família
Maushart disparou nos seis meses da experiência. Afinal, eles estiveram
desconectados, mas não ficaram mudos.
Pablo Pacheco, jornalista (texto extraído da Revista
Point - janeiro 2012)